Coluna Fogo Cruzado – Folha de Pernambuco – 24 de fevereiro
O deputado Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, está em processo de reaproximação com o correligionário José Serra. Numa entrevista de página inteira ao jornal “O Estado de São Paulo”, publicada no último domingo, ele dirigiu afagos ao ex-governador como há muito não se via, dado que virou aliado dentro do partido do senador Aécio Neves, o tucano que já está pré-escolhido pela cúpula partidária para disputar a sucessão de Dilma Rousseff na eleição presidencial de 2014.
O parlamentar pernambucano defendeu a candidatura de Serra à prefeitura de São Paulo com as seguintes palavras: “Pelo peso que tem e pelo que representa dentro e fora do partido, em qualquer lugar e em qualquer papel que desenvolva, Serra será sempre um político nacional. Seja candidato no Brasil, em São Paulo ou no Piauí, ele será sempre uma liderança nacional para os tucanos e para os adversários. Ele é um candidato muito forte e tem que ser visto como um candidato sênior”.
Tudo o que Guerra disse é a mais pura verdade. Mas é preciso interpretar sua fala dentro de um contexto maior, que é a eleição de 2014. Se Serra disputar a prefeitura e perder a eleição, estará fora do jogo presidencial. E mesmo que vença a disputa, dificilmente renunciaria à prefeitura pela segunda vez para disputar um cargo maior. Assim sendo, com os afagos que fez ao ex-governador, o deputado pernambucano agiu em sintonia com o “projeto Aécio” que é tirar Serra do seu caminho em 2014.
O líder – Desde que fundou o PSD para ser o aliado preferencial do PSB nas eleições de 2012, 2014, 2016 e 2018, Gilberto Kassab só se refere a Eduardo Campos como “meu líder”. Ele diz que o governador de PE “é a grande liderança política da nova geração e está se preparando”.
O veto – Sábado passado, no Recife, Kassab garantiu a pessedistas pernambucanos que o apoio do seu partido a José Serra, como candidato do PSDB à prefeitura de SP, não tem veto de Eduardo Campos porque o PSB já integra a base de apoio do governador Geraldo Alckmin.
É João – Recentemente, o vice-prefeito do Recife, Milton Coelho (PSB), teve uma conversa de quatro horas com o governador Eduardo Campos para sondar a opinião do “chefe” sobre a eleição municipal. E saiu com autorização para trabalhar pela reeleição do prefeito João da Costa. O vice já caiu em campo e a partir de agora vai procurar todos os partidos da base aliada.
Sem força – Com a decisão do PSB de trabalhar pela reeleição de João da Costa, a tese de uma “candidatura alternativa” na Frente Popular, defendida pelo senador Armando Monteiro (PTB), tende a perder força. Ela teria chance de prosperar se houvesse um nome na frente governista com disposição para concorrer. O nome seria João Paulo, mas ele se inviabilizou ao ficar no PT.
Ficha 1 – Se os tribunais superiores já vivem empanturrados de processos, a sobrecarga tende a aumentar depois que o STF validou a Lei da “Ficha Limpa” para ser aplicada às eleições deste ano. Muitos ex-prefeitos que foram condenados pelo TJ por improbidade vão recorrer ao STJ.
Ficha 2 – A menos que tenham seus recursos acolhidos por tribunais superiores, estarão fora das eleições o ex-prefeito de Lagoa de Itaenga, Carlinhos do Moinho (PSB), que seria candidato em Carpina, e a ex-prefeita de Olinda, Jacilda Urquisa (PMDB), que seria candidata a vereadora.
O motivo – João Paulo tem sido mais claro com aliados sobre os motivos que o levaram a romper com João da Costa. Não foi briga de Lygia Falcão com Marília Bezerra nem falta de entendimento sobre a empresa contratada para tirar o lixo. O motivo foi a decisão do atual prefeito de não se submeter a um “núcleo” formado por Lygia, ele próprio e Múcio Magalhães.
A volta – Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, garante que o ex-presidente voltará a fazer palestras no Brasil e no exterior até o final de junho. É que seu principal instrumento de trabalho, que é a voz, já voltou à normalidade após 33 sessões de radioterapia e exercícios diários com uma fonoaudióloga.
A sorte – Política também se faz com sorte e esta tem rondado os caminhos do governador de Pernambuco, que viu a Escola de Samba Unidos da Tijuca, que homenageou Luiz Gonzaga, tirar o 1º lugar no Carnaval do Rio de Janeiro. A Gaviões da Fiel (SP), que homenageou o ex-presidente Lula, ficou em 7º.