Artigo especial
*Ericka Barbosa
Será que podemos orgulhosamente afirmar que as manifestações civis em curso no nosso amado país já podem servir de símbolo para um novo comportamento cívico brasileiro?
Como sempre, nossa juventude passa na frente dos mais velhos e dá um banho de amadurecimento em todos nós. Ruas, praças, congressos e pontes são lavados pela cultura da paz e do “chega que não aguentamos mais”.

Embora se veja manifestações com vandalismos e violência, estas são nitidamente realizadas por grupos isolados e não representam a atitude verdadeira – o engajamento político.

Se até a semana passada via meu povo como cidadãos politicamente passivos, hoje sinto orgulho de vê-los como pacificamente políticos. E, acima de tudo, livres. Livres de qualquer partidarismo hipócrita cujos fundamentos políticos são perfeitos, mas cujas práticas são assimetricamente opostas. A única bandeira levantada é a do Brasil.

Esta mesma bandeira poderia ser levantada por todos durante a Copa, mas a política do circo não foi suficiente para suprir a falta da outra fatia – a do pão. O pão aqui não representa só o alimento, mas os serviços públicos em geral: segurança, saúde, educação, transporte...

O governo brasileiro foi competentíssimo em investir na infraestrutura esportiva para a Copa e, quem sabe, em outras modalidades esportivas além do futebol, já que as novas arenas possuem suporte para isso. Porém, acostumado com aquela passividade de que falei e achando que era dono da bola, surpreendeu-se com o time que atua na outra ponta da política – o povo.

Mal sabem aqueles que outrora fizeram parte do time do povo e que hoje são cartolas do time estatal que os atuais torcedores e jogadores do time do povo aprenderam muito com a propaganda dos fundamentos políticos dos antigos jogadores de seu time.

Se houve competência para montar uma infraestrutura esportiva para inglês ver, o time do governo não foi capaz (ou não teve interesse) de equilibrar a balança e também ser competente para brasileiro ver, sentir e usufruir. Por isso a diversidade de grupos e de reivindicações daqueles que, na união dos múltiplos, formam o conjunto unitário do Povo Brasileiro.

*Educadora e pesquisadora da área de educação, políticas públicas e juventude.