O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) negou ser favorável ao fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, um dia depois de participar de um ato que pedia a intervenção militar no Brasil. "Não tem essa conversa de fechar nada. Dá licença aí. Aqui é democracia. Aqui é respeito à Constituição Brasileira", afirmou, ao deixar o Palácio do Alvorada na manhã desta segunda-feira. "Supremo aberto, transparente. Congresso aberto, transparente”, completou. No ato deste domingo, endossado pelo presidente, parte dos manifestantes levava faixas com menção ao AI-5, ato institucional mais duro da ditadura militar (1964-1985).
Bolsonaro voltou a atacar a imprensa, criticou as capas dos jornais Folha de S.Paulo e Estado de S.Paulo e disse que “a Globo nem deveria estar aqui”, em referência aos jornalistas da emissora, sendo aplaudido por seus apoiadores. "O pessoal geralmente conspira pra chegar ao poder. Eu já estou no poder. Eu já sou presidente. Eu sou realmente a Constituição. (…) Falta inteligência para aqueles me acusam de ser ditatorial”, e continuou: "Nós, o povo, estamos no Governo e não vamos aceitar provocações baixas, provocações rasteiras por parte da imprensa que está aqui”, afirmou o mandatário.
Ele ainda atribuiu aos jornais o clima de tensão entre o Planalto e os governadores na condução da crise do coronavírus, embora tenha voltado a afirmar que parte das ações estaduais para combater a pandemia são “duras demais”.
Segundo o presidente, as pessoas foram às ruas no domingo "em grande parte pedindo a volta ao trabalho”. Ele voltou a minimizar a covid-19, que já causou 2.462 mortes no Brasil e que já pressiona vários hospitais, que sofrem com a falta de leitos na UTI. "Aproximadamente 70% da população vai ser infectada. Uma verdade. Não adianta correr da verdade.” Até esta segunda-feira, o mundo contabilizava mais de 166.000 mortes em decorrência do coronavírus.
avatar

Marina Novaes