Na reforma ministerial que se avizinha, o presidente Lula está sofrendo pressões para incluir o Ministério das Comunicações, depois que o ministro do Luiz Barroso, do STF, mandou bloquear bens do ministro Juscelino Filho, objeto de uma operação da Polícia Federal que apura desvios de dinheiro na Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf).

Há indícios de desvio do dinheiro de emendas parlamentares no caso. Juscelino Filho foi alvo de pedido de busca e apreensão da PF. O ministro Barroso negou a solicitação, porque julgou que se tratava de uma medida drástica no momento. Mandou, contudo, bloquear os valores da conta do ministro do Governo Lula para possibilitar o ressarcimento dos cofres públicos e deixou claro na decisão que há necessidade de continuidade das investigações.

O PT entende que Lula tem que se livrar de Juscelino no bojo da reforma que ainda está sendo desenhada. Pesa sobre Juscelino Filho várias acusações que comprometem a imagem do Governo. Ele teria direcionado R$ 5 milhões do orçamento secreto para a Prefeitura de Vitorino Freire asfaltar uma estrada de terra que passa em frente à sua fazenda, no município maranhense.

A pedido de Juscelino, durante seu mandato como deputado federal pelo União Brasil, os recursos foram parar na Prefeitura da irmã. A empresa Construservice, contratada pelo município para tocar a obra, é de Eduardo José Barros Costa, amigo de Juscelino Filho. Na semana passada, a PF fez buscas em dois endereços da empresa.

O engenheiro da Codevasf Julimar Alves da Silva Filho, que assinou o parecer autorizando o valor orçado para a pavimentação, foi indicado pelo grupo político de Juscelino Filho. Em 18 de agosto, Silva Filho foi demitido da companhia. Em um período de cinco anos, entre 2017 e 2022, a Arco Construções e Incorporações firmou nove acordos com Vitorino Freire, de construção de praças e escola à locação de caminhões e recuperação de estradas.

No papel, a empresa pertence a Antônio Tito Salem Soares, de 40 anos. Em conversa com o jornal O Estadão, ele admitiu ter certa intimidade com Juscelino Filho a ponto de ter frequentado a casa do ministro, mas negou ser laranja. O nível de proximidade é tanto que os irmãos de Antônio fizeram campanha para Juscelino Filho e foram um dos primeiros a serem recebidos no gabinete do atual ministro das Comunicações, na segunda semana de janeiro.

“As alegações que fazem é de que sou um laranja de uma pessoa que só conheço socialmente, mas nunca tive nenhum acordo, nenhuma negociata. Sou dono da minha própria empresa, que foi aberta desde antes de conhecê-lo, inclusive”, afirmou Antônio Tito. A Arco Construções foi aberta em setembro de 2015, assim que Juscelino assumiu seu primeiro mandato como deputado federal do Maranhão.

Fonte:Blog do Magno