| Contra a Colômbia, pela Copa América, Neymar demonstrou total descontrole emocional (Foto: Rafael Ribeiro – CBF)
Em junho, a Justiça espanhola anunciou que Neymar, o pai do atacante e dois dirigentes do Barcelona responderiam a um processo por supostas fraudes na sua transferência do Santos para o clube catalão. Dias depois, um Neymar completamente transtornado enfrentava a Colômbia na fase de grupos da Copa América. Naquela ocasião, Neymar bateu boca e empurrou os adversários, foi expulso e chegou ao cúmulo de esperar o juiz no túnel dos vestiários para ofendê-lo.
Ligam-se os pontos. Neymar, pai e empresário negaram, mas houve consenso de que as acusações interferiram no equilíbrio emocional do jogador. Até mesmo Dunga disse, após a eliminação, que os problemas extracampo atrapalharam Neymar e, consequentemente, a seleção brasileira como um todo.
Nessa sexta-feira, o jornal “Correio Braziliense” revelou que a Procuradoria da Fazenda Nacional conseguiu bloquear quase R$ 189 milhões do jogador e das empresas que gerenciam sua imagem e marca, sob a acusação de sonegação de impostos no período de 2011 a 2013. Segundo a Receita Federal, o maior montante é relativo ao pagamento efetuado pelo Barcelona ao contratá-lo junto ao Santos.
O caso é tão complexo que, em maio, o próprio clube brasileiro entrou com um processo contra Neymar e Barcelona, através de uma ação encaminhada à Fifa. O desejo do Peixe é ser ressarcido, pois acredita que recebeu menos do que deveria na negociação.
Após o bloqueio milionário, a assessoria de imprensa de Neymar soltou uma nota de esclarecimento negando a sonegação de impostos e reafirmando que tanto o jogador quanto as empresas que administram sua carreira mantém todos os pagamentos em dia. Atribuem ainda a acusação a um entendimento equivocado da Receita sobre a declaração dos recursos recebidos pela Pessoa Jurídica.
Enquanto as Justiças brasileira e espanhola aumentam o cerco das investigações, deve-se discutir também o impacto que essas acusações podem provocar em Neymar dentro de campo. Se a Copa América revelou o destempero exacerbado do jogador, nada garante que o maior atleta brasileiro em atividade conseguirá manter o foco nos próximos jogos pelo Barcelona. Dependendo do desenrolar da nova denúncia, a mesma preocupação também vale para novembro, quando Neymar, após cumprir a suspensão pelo episódio contra a Colômbia, estreia nas Eliminatórias mais uma vez assumindo a condição de protagonista máximo (muita vezes único) de uma contestada seleção.
Chama a atenção também que duas vias foram percorridas simultaneamente. Hoje, Neymar é uma realidade incontestável disputando os torneios mais valiosos e disputados do mundo; ao mesmo tempo, só cresceram nos últimos anos as acusações de fraudes financeiras envolvendo o jogador e seu staff. E isso não pode ser simplesmente ignorado. No momento que a Justiça americana desbravou a investigação que escancarou um enorme esquema de corrupção na Fifa, a imprensa passou também a cobrir mais de perto diversas outras supostas irregularidades envolvendo clubes e jogadores. O próprio Messi no ano passado foi obrigado a pagar 53 milhões de euros ao fisco, montante suficiente para alçá-lo à condição de maior contribuinte da Espanha.
A consolidação de Neymar como jogador correu em paralelo às denúncias que colocam em xeque familiares e empresas que estão lá para gerir a fortuna rapidamente alcançada. Com a camisa do Barcelona e da seleção brasileira, Neymar novamente terá que ser capaz de separar o joio do trigo. Enquanto isso, os advogados correm do lado de fora do campo para provar sua inocência.
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