Carrões importados, motos caríssimas e barcos luxuosos em locações igualmente esplendorosas: mansões, boates VIP ou as águas calmas do Guarujá. Foram os anos de 2010 a 2012, quando o funk-ostentação despontava e atingia o seu auge. Quem não se lembra dos “Plaque de 100″? Mas a música era ouvida intensamente nas comunidades. Hoje, o funk continua sendo a principal expressão da juventude da periferia de São Paulo, mas algo mudou.
As boates deram lugar aos bailes funk de comunidade como locação dos clipes. Os artigos de luxo, os invariáveis cordões de ouro ou os óculos e bonés de marcas famosas começam a chamar menos atenção ou a disputar espaço com roteiros de histórias contando um passado sofrido, algo engraçado ou uma crítica social. Só as belas mulheres de bíquinis ou roupas decotadas permanecem intocáveis.
Se antes os MCs e seus fãs se preocupavam em exaltar as conquistas materiais, ostentar no sentido literal do termo, isso agora não é mais regra. E uma das melhores demonstrações desta nova realidade seja um vídeo que circulou no Whatsapp, que mostra jovens funcionários do McDonald’s cantando o hit “Baile de Favela” uniformizados dentro da cozinha da lanchonete. Há três anos, essa seria uma cena inimaginável. Nenhum jovem que venerasse o estilo ostentação toparia aparecer frente a qualquer câmera sem estar devidamente trajado de roupas de grife, cordão de ouro no pescoço e de preferência dentro de uma mansão, camarote de balada ou em um carro importado.
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