
A entrada de Auschwitz, campo de concentração na Polônia
O Senado polonês adotou na madrugada da quinta-feira 2 uma controversa lei sobre o Holocausto. O texto, que visa defender a imagem do país, prevê até três anos de prisão ou multas a quem atribuir à Polônia crimes cometidos por nazistas alemães. A proposta, que ainda tem de ser sancionada pelo presidente polonês, irritou Israel e preocupa os Estados Unidos.
Para os conservadores no poder em Varsóvia, o objetivo da nova lei é impedir que se utilize a expressão "campos da morte poloneses" para denominar os campos de extermínio de judeus instalados no país durante a Segunda Guerra Mundial.
O presidente polonês,Andrei Duda, defende o texto, mas em uma tentativa de pôr fim à enxurrada de críticas que precederam à aprovação da lei pelo Senado, demonstra flexibilidade e prometeu reavaliar os trechos repreendidos.
Llíderes políticos israelenses de todas as correntes denunciaram com vigor a aprovação da lei pelo Senado polonês. Eles exigem uma reação oficial do governo contra a Polônia. Os israelenses criticam principalmente o trecho do texto no qual há uma tentativa de negar a participação de poloneses no extermínio de judeus e a possibilidade de indiciar sobreviventes do Holocausto que evocarem essa colaboração.
Israel afirma que Varsóvia quer negar a cooperação de seus cidadãos no Holocausto e reescrever a História. "Não toleraremos que se deforme a verdade e que se reescreva a História ou que se negue o Holocausto", afirmou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Os parlamentares israelenses apresentaram um projeto de lei, em reação à decisão polonesa, propondo penas de até cinco anos de prisão para quem “diminuir ou negar a responsabilidade de quem ajudou os nazistas a cometer os crimes contra os judeus”.
A lei poderá ter repercussões nos interesses e nas relações estratégicas da Polônia com Israel, mas também com os Estados Unidos. Pouco antes da aprovação do texto, Washington expressou sua preocupação e pediu que Varsóvia reconsiderasse o projeto.
Em comunicado, o porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, ressaltou que “expressões como 'campos da morte poloneses' são imprecisas, suscetíveis de induzir a erros e causar feridas”. Ele acredita que se a lei for promulgada, ela “afetará a liberdade de expressão e o debate histórico”, além de provocar divisões entre a Polônia e seus aliados que "beneficiam nossos rivais".
Seis milhões de poloneses, entre eles três milhões de judeus, morreram durante a Segunda Guerra Mundial.

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