Segundo o general, a situação política e social atual não se relaciona com o clima instável que levou ao regime ditatorial militar na década de 60
O Comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas,
chamou de lamentável o clamor por intervenção militar que vem de parte
dos manifestantes presentes nos atos antigovernistas das últimas
semanas.
O general comentou o assunto durante um simpósio jurídico realizado
no Comando Militar da Amazônia (CMA), em Manaus, na manhã desta
sexta-feira (18).
“Eu acho lamentável que, num país democrático como o Brasil, as
pessoas só encontrem nas Forças Armadas uma possibilidade de solução da
crise, mas isto não é extensivo nem generalizado e, felizmente, está
diminuindo bastante a demanda por intervenção militar”, declarou o
general.
A autoridade militar ponderou, no entanto, que esse pedido demonstra
certas necessidades do país. “[Ele indica] que as Forças Armadas são a
referência de valores éticos e morais e de padrão de eficiência [de] que
a sociedade se sente tão carente”, disse Villas Bôas.
Sem paralelo
Segundo o comandante, a situação política e social atual não se
relaciona com o clima instável que levou ao regime ditatorial militar na
década de 60.
“Não há paralelo com 1964, primeiro porque hoje nós não temos o fator
ideológico. Naquela época, nós vivíamos a situação de Guerra Fria e a
sociedade brasileira cometeu o erro de permitir que a linha de fratura
da Guerra Fria [a] dividisse. Isso não existe mais. O segundo aspecto é
que hoje o Brasil tem instituições sólidas e amadurecidas, com
capacidade de encontrar os caminhos para a saída dessa crise”, comentou
Villa Bôas.
Rotina inalterada
Villas Bôas destacou que a rotina dentro da instituição não se
alterou. “Os quarteis estão prosseguindo naturalmente nas suas
atividades e o Exército está profundamente empenhado em contribuir para a
manutenção da estabilidade”, explicou.
Para ele, a atual crise é de natureza política, econômica e ética.
“Os três aspectos se interrelacionam e, em consequência, é uma crise
para ser solucionada dentro desses ambientes, principalmente o ambiente
político e jurídico”, concluiu a autoridade militar.
Ministro rebate
O simpósio jurídico organizado pelo CMA também contou com a presença
do ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF).
Na ocasião, ele defendeu a instituição, que foi recentemente
descreditada pelo ex-presidente Lula em uma conversa telefônica com a
presidenta Dilma Rousseff, grampeada pela Polícia Federal (PF) e
divulgada nesta quarta-feira (16).
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